"... sustento que um ato de fala é um ato corpóreo, e que a força do performativo nunca é totalmente separada da força corpórea: isso constituindo o quiasma da "ameaça" enquanto ato de fala ao mesmo tempo corpóreo e linguístico [...] em outras palavras, o efeito corpóreo da fala excede as intenções do falador, propondo a questão do ato de fala ele mesmo como uma ligação do corpóreo e forças psíquicas."



(Butler 2000:255)



sábado, 30 de outubro de 2010

Da idéia para a ação.

A comunicação pretende anunciar que o corpo ao dançar configura uma ação que implica em seu próprio pensamento. Através de mediações que se apresentam como organização, encontram-se crenças e hábitos de ações dispostos nas relações entre o interior e o exterior. Estas, possibilitam a ocorrência de transformações e mudanças de conduta enunciadas  no corpo que dança, organizando o fazer artístico performativamente a partir das experiências e observações das condições de se estar no mundo. 
O estado anterior à ação de um corpo que dança é um estado de potência , um estado de invisibilidade. Agindo na performatividade é possível tornar visível as diversas falas e ações do corpo, que questionam a existência de um contexto dado, atuando para inauguração de novos contextos. No ambiente da performatividade o fazer artístico é a ação inteligente do corpo, o seu próprio significado, pois o movimento é ato do corpo e se apresenta em sua inteireza. O corpo ao dançar enuncia um comprometimento existente na correlação entre idealidade e conduta. O sentido que é constituido pelo conjunto das ações retorna como generalidade. O visível então, que aparece como movimento performativo, é pensamento desse corpo.

Jussara Setenta


Inaê Moreira - POP UP VENTANA 1 (GDC)



quinta-feira, 28 de outubro de 2010



algumas experimentações com o saco
Part.2

vídeo: JOÃO MATOS.

CORPO QUIASMA, dia 12 de Novembro



A CIA OBCENA DE ARTES invade o Teatro Gamboa Nova no dia 12 de Novembro para participar do É Vento de Todos!

ás 16h apresentarei meu solo, ainda em processo: Corpo Quiasma
ás 17h Thiago Enoque apresentará uma das performances do seu espetáculo sólo premiado pelo Edital Yanka Rudzka: Autólise


Esse evento é uma programação paralela no mês de Novembro para a comemoração do aniversário do nosso queridíssimo Teatro Gamboa.

Não percam!

abraços,

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Corpo Quiasma [in] MOLA



                                                   FOTOS: THULIO GUZMAN

Praça Pedro Archanjo - Pelourinho
MOLA - Mostra Osso Latino Americana de Performances.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quiasma óptico


O quiasma óptico é uma estrutura em formato de X formada pelo encontro de dois nervos ópticos.
No quiasma óptico as fibras da parte medial de cada retina cruzam para projetarem para o outro lado do cérebro, enquanto que as fibras da parte lateral da retina continuam no mesmo lado.
 Como resultado temos que cada hemisfério cerebral recebe informações sobre o campo visual contralateral de ambos os olhos.

Doença relacionada com o quiasma óptico: cegueira

A imagem e o olho do furacão.

Traçando um paralelo entre Jacques Aumont e Norval Baitelo


A imagem - como toda cena visual olhada durante certo tempo - se vê, não apenas no tempo, mas à custa de uma exploração que raramente é inocente; é a integração dessa multiplicidade de fixações particulares sucessivas que faz o que chamamos nossa visão da imagem.

O que nos trazem as imagens? Por que é que existiram em quase todas sociedades humanas? Como são olhadas?

* O espectador constrói a imagem, a imagem constrói o espectador.

Como o alimento das imagens é o olhar e como o olhar é um gesto do corpo, transformamos o corpo em alimento do mundo das imagens - refiro-me aqui a um dos tipos de “iconofagia” possíveis (cf. Baitello 1999 e Baitello 2000) - inaugurando um círculo vicioso. Quanto mais vemos, menos vivemos, quanto menos vivemos , mais necessitamos de visibilidade. E quanto mais visibilidade, tanto mais invisibilidade e tanto menos capacidade de olhar. Assim, o primeiro sacrifício desse círculo vicioso termina por ser o próprio corpo, em sua complexidade multifacetada, tátil, olfativa, auditiva, performática e proprioceptiva. A redução do corpo a “observador da observação” é o testemunho mais patente de um processo de perda da propriocepção (o sentido do corpo para a percepção de si mesmo). A transferência das vivências do corpo para o mundo das imagens significa também sua transferência para um tempo in effigie, congelado em um eterno presente e portanto, sem presente. A imagem de um presente será sempre a sua própria ausência. Tal qual já estava presente na palavra latina imago, a imagem se associa ao retrato da morte.

A perda do presente

Ainda a respeito do fenômeno da perda do presente e sua relação com a escalada dos sentidos de distância, Walter Benjamin aponta, de maneira assustadoramente visionária, quando define a perda da aura trazida pela reprodutibilidade técnica e a conseqüente substituição do “valor de culto” pelo “valor de exposição”. Enquanto a aura seria uma “aparição única de uma distância, por mais próxima que estivesse” (cf. Benjamin, 1980:480), as imagens em profusão, trazidas pela reprodutibilidade, deverão exercer a função de “aparições múltiplas de uma proximidade, por mais distante que esteja”. Benjamin nos apresenta a alma das transposições planas: superfícies multiplicadas de uma proximidade sem profundidade, aparências de tatilidades que se resumem a superfícies sob superfícies, repetidas e idênticas, repetição de presenças sem presente.
Dietmar Kamper se refere, em seu “Unmögliche Gegenwart” (Presente impossível) a um “triunfo do olho sobre os outros sentidos humanos. As máquinas de imagens trabalham com força total no mundo inteiro. Velhas e novas mídias da visibilidade se superam [a cada dia]. Uma parte cada vez maior das coisas que existem ocorrem [apenas] no olhar. (Kamper 1995:54). E acrescenta logo adiante: “Ver permanece superficial. A profundidade do mundo não é para o olho. E quando o olhar penetra, apenas aumentam novamente as superfícies e superficialidades. A era óptica já o provou ex negatio. Seu lema ‘Tornar visível todo o invisível’ era duplamente enganoso. Não se acercou do invisível e produziu uma nova invisibilidade.”(Kamper, 1995:57).

O corpo invisível

Dentre as instâncias sem dúvida mais atingidas por esse processo de crescente transferência de valor, por um lado, agregação de desvalor, por outro, como vimos, está o próprio corpo, em sua motricidade, em sua comunicabilidade, em suas qualidades biofísicas e em suas qualidades culturais, de arquivo vivo e memória da história e da cultura humanas.
A crescente transformação do corpo em imagem do corpo tem história e histórias. E sua inicial indiferença e posterior cegueira, como resposta a este processo, também. O que seria então o corpo que não se enxerga, não se sente, não se percebe? Por quais caminhos chega-se a esse grau de negação? E por que um corpo se torna invisível para si e para outros corpos? Um corpo invisível seria um não-corpo ou um corpo-máquina, um supercorpo, que, em busca de si mesmo, fugiu para a bidimensionalidade, a unidimensionalidade ou mesmo para a nulodimensionalidade? Haveria algum cenário possível, ainda que remoto, de superposição e entrelaçamento simultâneos de todas as realidades dimensionais em uma só, sem que uma se impusesse sobre as demais como instância recalcadora?

Verdade é que vivemos hoje sob a marcha triunfal das realidades bidimensionais que trazem em sua alma as fórmulas abstratas da nulodimensão: por trás de uma imagem sintética já não há sequer uma imagem concreta e muito menos um corpo de matéria tridimensional; há apenas o conceito abstrato de entidades numéricas, codificações sem tatilidades. Dietmar Kamper descreve, em uma singular brochura editada pelo Vilém Flusser Archiv, sediado na Kunsthochschule für Medien Köln, uma conferência performática de Vilém Flusser, na qual este expõe com o próprio corpo os quatro passos no caminho da abstração crescente: “Ele [Flusser] caminhou para trás, falando e gesticulando sobre o palco do auditório, até bater com as costas na lousa. Depois veio de novo para a frente do palco e lecionou (dozierte) sobre a tecno-imaginação e as imagens sintéticas.(...)Antes como depois, as sugestões de Flusser, de como se pode efetivar a volta dos retrocessos históricos da abstração, não me parecem convincentes. [Mas] a situação de o homem depender de seus artefatos e estar, como sujeito, submetido a eles raramente foi apresentada e demonstrada de maneira tão imparcial como o fez o último Flusser.” (Kamper, 1999:5-6)
O próprio Flusser escreve em seu Vom Subjekt zum Projekt. Menschwerdung (Do sujeito ao projeto. Hominização):

“Com o primeiro passo de retorno do mundo da vida (Lebenswelt) – do contexto das coisas que dizem respeito ao homem – nos tornamos manipuladores e a práxis que se segue é a produção de instrumentos. Com o segundo passo de retorno – desta vez saindo da tridimensionalidade das coisas manipuladas – nos tornamos observadores e a práxis que se segue é o fazer imagens. Com o terceiro passo de retorno - desta vez saindo da bidimensionalidade da imaginação – nos tornamos descritores e a práxis que se segue é a produção de textos. Com o quarto passo de retorno – desta vez saindo da unidimensionalidade da escrita alfabética – nos tornamos calculadores e a práxis que se segue é a moderna técnica. Este quarto passo em direção à abstração total – em direção à nulodimensionalidade – foi dado pela Renascença e atualmente está completo.”
(Flusser, 1998: 21-2)

Flusser nos oferece uma das chaves para o processo de desmaterialização do corpo, na perda crescente das dimensões do espaço do corpo e do seu tempo de vida (cf. Blumenberg ). Os efeitos sobre a pluralidade da existência sensorial são com certeza imprevisíveis, porque o processo atua sobre as bases da propriocepção, gerando um corpo que apenas se vê quando é visto, se observa quando é observado, jamais se sente porque não pode ser sentido. Assim, também se pode considerar que jamais o gesto civilizatório do olhar, a visão e sua hipertrofia tenham causado efeitos tão devastadores sobre a cultura e a existência humanas. Tal qual o olho de um furacão.

Referências
AUMONT, Jacques. L'image. 1990 
artigo de Norval Baitelo Jr.: O OLHO DO FURACÃO: a cultura da imagem e a crise da visibilidade.
FLUSSER, V. (1998) Vom Subjekt zum Projekt. Menschwerdung. Frankfurt: Fischer.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ensaios Abertos do GDC


Ensaios abertos do novo trabalho do Grupo de Dança Contemporânea da Ufba:
POP-UP VENTANA 1

Onde?
Teatro do Movimento - Escola de Dança da Ufba

Quando?
Hoje (15/10) ás 19h
Amanhã (16/10) ás 17h

Quanto?
Grátis


Programações paralelas:

15/10 Bate-papo com a equipe técnica do espetáculo ás 15:30
Aldren Lincon (Sonoplastia), Camila Correia (Iluminação), Fernando Lopes (Cenografia)

16/10 Brechó na Escola de Dança ás 16h

Cheguem!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

COLETIVIZANDO ESPAÇOS 1.1

VEM AÍ A CIA OBCENA DE ARTES!
possivelmente uma TAZ: Zona Autônoma Temporária.
No tempo das colisões e pressões.
No tempo em que a entropia gritar.
Fazer avançar numa miscelânea de auto-quebras brotos e mais brotos de arte, a semear de modo eroticamente absudo, assim como Sísifo, uma pedra a descer rolando a montanha, feito arte a cair ribanceira, tudo, tudo, tudo...criação abaixo!

A germinar!
Sem apego!
Sem pudor!
E sem moral!
Imoral!
Uma imoralidade de Artes!
ObCênicas.


 
(Thiago Enoque Sabiá)


http://ciaobcenadeartes.blogspot.com/
CONFIRA TAMBÉM:
http://autoliseobcena.blogspot.com/

Corpo em Quiasma - Investigação de Movimento

PROCESSOS DE ENSAIO-1

investigação de movimento
caminhada/ corredor.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

POP-UP VENTANA 1

Jañua.. labirintos..
O que você oferece ao olhar?
Frame-Fração-Retalho
A imagem é um acidente?
POP-UP: Uma obra nutrida pelos olhares.

"Eu penso com os olhos.
Muitas partes se movendo!
Eu penso vendo.
Há mais do que aparenta.
Eu penso pela visão e pelo movimento.
Um dá origem ao outro."
(Lisa Nelson)

Concepção: Gilsamara Moura
Criação: GDC
Elenco: Aline Nieri, Aline Lucena, Dirceu Mesquita, Fernando Davidovistch, Gláucia Rebouças, Inaê Moreira, Tarso Reis, Thulio Guzman.
Trilha: Aldren Lincoln
Iluminação: Camila Correia
Fugurino: Dandara Baldez
Cenografia: Fernando Lopes
Vídeo: Beto Basílio
Preparação Corporal: Sueli Ramos (Pilates), Teresa Fabião (Gyrokinesis)
Artista Colaborador: Giltanei Amorin

CURTA DANÇA ÁS 6 NO PELÔ

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Durante os meses de outubro e novembro, Salvador vai ser palco para uma série de espetáculos de dança com alguns dos grupos mais representativos desta expressão artística na capital baiana. No total, o projeto Curta Dança, às Seis no Pelô – contemplado pelo edital Tô no Pelô 2009, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – vai realizar seis apresentações, sempre às segundas-feiras (04, 11, 18 e 25 de outubro e 01 e 08 de novembro), às 18h, no Largo Pedro Arcanjo – Pelourinho, com entrada franca.

Idealizado pela Mazurca Produções, o Curta Dança, às Seis no Pelô é o único projeto envolvendo esta expressão artística contemplado no referido edital e visa fortalecer o espaço para produção e circulação desta linguagem artístico-cultural na capital baiana. Os grupos que farão parte do projeto são Mazurca Criações com os espetáculos Dois Gumes e Interações, o Grupo de Dança Contemporânea (GDC), que apresentam Pop-Up, o Bamberg Cia de Dança, trazendo Benção, os dançarinos Leandro de Oliveira e João Rafael Neto, com Trilhas Urbanas e a dupla Edu O. e Lucas Valentim com o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos.

Espetáculo Paradox

" As pequenas coisas que contrastam com as enormes.
O esquecido ao invés do sempre visitado
Rachaduras, remendo, resistência ao tempo, sobrevivência, manutenção.."

Algumas fotos da segunda experiência (área externa)





Thulio Guzman: Camila Correa, Gláucia Rebouças, Inaê Moreira, e Lucas Valentim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Por aqui, ali, lá.





Escola de Dança da UFBA
Setembro/2010.

Mostra da Mini-Residência Autólise

07 de Setembro

                                               FOTO:Ivana Chastinet


*Experimentando fragmentos de "Corpo em Quiasma".

Vestido?
Calda longa-tecido pesado-formas-textura de fios-cor vermelho/cobre.
Côrte? Glamour?
Mulher?
Arrastar-se..