"... sustento que um ato de fala é um ato corpóreo, e que a força do performativo nunca é totalmente separada da força corpórea: isso constituindo o quiasma da "ameaça" enquanto ato de fala ao mesmo tempo corpóreo e linguístico [...] em outras palavras, o efeito corpóreo da fala excede as intenções do falador, propondo a questão do ato de fala ele mesmo como uma ligação do corpóreo e forças psíquicas."



(Butler 2000:255)



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

[De volta ao Palácio..]

                                     FOTO:Laura Fernandes


Mais uma vez investigando aquela paisagem.

No início do ano fui convidada para participar de um Editorial de Moda que partia da pesquisa de uma estudante de moda - Luana Vieira - sobre:
A mulher contemporânea em meio a arquitetura neoclássica.
Quais as relações?
Como seria "pertencer" àquele cenário nos tempos atuais?
Tentando também estabelecer uma conexão entre Salvador x Hamburgo.
As fotos ficaram expostas no Teatro ICBA por 1mês.

Agora estou de volta ao Palácio com o espetáculo de dança contemporânea da Prof. Drª Leda Muhana: Paradox.
Investigando inicialmente as minúcias de um lugar extremamente espetacular e grandioso.
Quase "fora do alcance das nossas mãos"
Na procura pelos cantos, pelo mofo.. pela teia.. pela poeira que nega..

Tá sendo muito gostoso voltar a pompa!
Rs!

mais sobre Paradox em:
http://espetaculoparadox.blogspot.com

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

FUNÇÃO no Dique do Tororó

19-09

Poeira levantou poeira!

Acordei com toda disposição pra sair capturando risos pela rua!
Eu e Farrapo nos aprontamos, testei um novo visual que deu muito certo, e Enoque ajudou com uma maquiagem simples.
- Lá vou eu pra minha primeira função domingo de manhã!
Estávamos muito animados, e já decemos a ladeira do Garcia cantarolando e brincando com quem quer que fosse.
Atravessamos a rua testando tropeços, e quedas.. chamando a atenção de um grupo de moradores de rua que estava por perto, sorriram.. cumprimentaram.. seguimos!
O caminho todo experimentando quedas, tropeções, giros, testa no poste, etc etc etc!
Algum evento acontecia ali perto da Cheiro de Pizza, já bem perto da onde faríamos a função.. no mínimo alguma campanha política..e é claro que chamamos a atenção de todos com as nossas paspalhices e brincadeiras.
Eu pegava os malabares e jogava pra cima, derrubava tudo, me embananava, enquanto Farrapo fazia a grama de escorregadeira, batia a cabeça na árvore, e comunicava com quem estava por perto.
Passamos pelo meio do povo arrancando no mínimo um sorriso de canto de boca de cada um..
Seguimos, cantando, pulando e dançando.
Até que encontramos Sudorino e Limonada que se arrumavam perto do parquinho das crianças.
Foi uma festa, pulamos um por cima do outro, nos abraçamos, dançamos, muito felizes de estarmos juntos ali; EU(POEIRA), SUDORINO(Pedro), e LIMONADA(Lara) recém iniciados, com uma energia monstra, super dilatada.. com vontade de aprender, de fazer, e principalmente de se doar!
Limonada começou a pré-convocatória pulando corda com as crianças.
Enquanto isso Farraro e Sudorino se arrumavam, e eu ia de um lado pro outro gritando:
- 5 minutos para o espetáculo começar!
Arrastamos a criançada pro lugar que faríamos a roda, na grama, debaixo das árvores que tem depois do parquinho, e fomos organizando a roda.
Eu e Limonada na pré-convocatória improvisando algumas brincadeiras, e anunciando o MOVIMENTO ABRE-RODAS, que o espetáculo começaria em 3,2,1..
Começamos eu e Farrapo com o número do Balão.. lindo!
Enquanto isso Limonada e Sudorino se ligavam na roda, organizando, e sentando nos extremos dela pra não correr o risco de ser desfeita.
Logo em seguida anunciamos o chapéu, antes do próximo número.
Depois Limonada e Sudorino fizeram um número de mágica que levou as crianças ao delírio! Rsrsrs!
Pra finalizar Farrapo e Sudorino brincando de equilibrar os malabares no queixo.
Passamos o chapéu no final.
Falamos um pouco sobre o Movimento abre-rodas e a Cia Obscena de artes..

Quando tudo terminou nos sentamos e conversamos sobre o que funcionou, e o que não funcionou.. Farrapo deu vários toques, estávamos muito felizes com a função, com a maneira que tudo se deu: leve, e ao mesmo tempo muito intensa para cada um de nós.
Contamos o chapéu, e fim.

Domingo tem mais!
10h no Dique do Tororó.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Processos Criativos IV



por Mab Cardoso.

Renato Ferracini (LUME)

Curso: O corpo como fronteira


"Corpo como potência artística e de criação. Não um corpo inserido em um contexto fixo delimitado e nomeado, quer seja teatro, dança ou performance, mas um corpo como fronteira expressiva que expande e perfura essas bordas criando um espaço único, mas, ao mesmo tempo interseccionando todas essas relações teatro/dança/performance. Esse workshop trabalhará, na prática, o corpo dentro dessa fronteira de criação, seja na relação com o espaço, com o outro, com a música, com os objetos, buscando, sempre, a capacidade expressiva corpórea de cada participante."


- Dilatação energética.
- Pulsão física/poética
- Dança Pessoal

Há muito tempo esperava por essa oportunidade.
Foi lindo!


                                                                Setembro de 2010.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A mulher-objeto como estratégia de comunicação na publicidade.
- garota propaganda: corpo tornado imagem de consumo

Norval Baitello Jr.: Imagens devoram imagens e devoram pessoas, tornando seres reais em meras imagens superficiais, sem profundidade, ou nuances, estabelecidas sob um papel social esteriotipado.

*antropofagia impura
Harry Pross: Tudo se dissolve em signos e abstração.

*perspectiva sob prisma de Baudrillard: publicidade do corpo de desejo
simulacro - simulação que esvazia a experiência do real, a partir de seu consumo, o ato da fruição do real perde seu sentido.
consumo do virtual em detrimento do real..
quando acontece o padecimento do olhar.

Dietmar Kamper: tudo que é exibido em demasia pode fadigar o olhar das pessoas, provocando a morte prematura de uma imagem.

"Mulheres" de Carybé

O primeiro insight para Corpo Quiasma:

                                                                    Mulhes. Carybé

domingo, 12 de setembro de 2010

Corpo em Quiasma - As imagens que nos devoram

                          FOTO: GLÁUCIA REBOUÇAS





Esse novo trabalho, consiste em um sólo baseado no livro de Norval Baitello: As imagens que nos devoram.
Em um mundo altamente globalizado, nos tornamos consumidores de uma profusão infinita de formas, cores, movimentos, e ruídos – Outdoor’s, Pop-up’s, Vinhetas, etc. E o corpo feminino se tornou principal ferramenta de sedução midiática nesse proceso.
Massificando padrões estéticos, ese corpo feminino passa a ser endeusado pelos holofotes, apresentado como lugar de equívocos históricos e histéricos. O excesso dessa visibilidade cega a percepção do homem para o corpo real, e o leva a asumir um corpo virtual.
Construindo intrigantes imagens, a partir e através do corpo, questiono o lugar onde o devorar o outro, será apropriar-se de toda constituição imagética do mesmo.


A performance estará na Mostra Osso Latino Americana de Performance - MOLA:

Movimento Abre Rodas

Estive em Pituaçu no último domingo (05/08) com Caxambó.
Alma limpa..

Nossa lei: a liberdade.



"Com a roupa encharcada e a alma repleta de chão.."

Palhaçaria

1ª saída
Curso de Iniciação na Pesquisa do Palhaço
Messiê: Alê Casali

Campo Grande
Agosto de 2010

Cantarinas show!



Resultado das aulas de Música e Ritmo na Escola de Música da UFBA
Um grande salve pra Zézinho - José Alvaro - que dirigiu esse show performático divertidíssimo!
Cézinha na bateria, Joãzinho nos teclados, Fred na guitarra e nos arranjos..
úh!

Junho de 2010 - Escola de Dança da UFBA
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Fragmentos de Mouna

Uma janela do processo criativo da obra:

















Concepção e direção: Inaê Moreira
Performance: Renata Magnavita

                                                     FOTO: GLÁUCIA REBOUÇAS
















Festival VivaDança - Teatro Vila Velha. Maio de 2010
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Laboratórios - Escola de Dança


Espaço de experimentação, criação, e trabalho físico.

O processo criativo de Mouna acontece todas as quartas e sextas ás 10h na Escola de Dança, e além.. ao caminhar na rua, ou em qualquer outro lugar que esse silêncio se faça presente.
Continuamos estudando o silêncio, que se faz como escuta, abandono atento, entrega cuidadosa, participação, ação em sentido transcendental – ação que nasce de uma liberdade fundamental e, após mostrar-se como um poder-ser, passa a não poder deixar de ser..


Mouna (silêncio em sânscrito)

                                   FOTO: ALDREN LINCOLN



A idéia do espetáculo Mouna, surgiu de questionamentos acerca do Silêncio. 
Como estudante de Dança na UFBA, entrei em contato com as idéias de John Cage e seu estudo sobre o Silêncio, o que despertou em mim a curiosidade e o interesse pelo assunto. Reuni colegas de turma - Luiza Agra e Renata Magnavita - que também estavam interessadas em trabalhar com o tema, e formamos um coletivo.
Partindo dos nossos entendimentos pessoais acerca do Silencio, relacionamos as idéias levantadas com a música O Silêncio de Arnaldo Antunes, inicialmente pensada como uma possível trilha sonora para a obra. Resolvemos nos aprofundar na pesquisa sobre o Silêncio articulada à linguagem da dança, o que culminou na configuração da obra Mouna.
Mouna (“silêncio” em Sânscrito) é para nós a corporalização do Silêncio e suas possibilidades. O estudo se dá através de diversas referências, entre as quais podemos citar como principais: John Cage, e a filosofia Zen. 
O Silêncio se mostrou muito além da ausência de sons, ou de um calar-se. É onde infinitas possibilidades acontecem. Preenche todos os espaços, e está em toda parte. “O Silêncio não é acústico, [...] é uma mudança da mente, uma reviravolta.”(John Cage).
Percebemos que em partes da cultura ocidental essa idéia de Silêncio não é experienciada, pelo menos não conscientemente. Vivemos em uma lógica imediatista, em que se buscam resultados, produtos. Somos bombardeados de informações e metas a cumprir. Nessa lógica, silenciar não parece ter finalidade. Dentro das nossas interpretações, silenciar atribui um valor especial a um “estar no mundo”, a própria existência humana. Experienciar o aqui-agora, dar atenção aquilo que acaba sendo engolido pela “correria” cotidiana, e direcionar a um autoconhecimento, pode levar-nos a um silêncio interior identificado como a chave para novas posturas diante a vida.   
Entendemos que existe uma incessante pulsão poética do corpo pelo prazer de cada instante, e esse é um dos motivos que impulsionaram a nossa investigação corporal. Buscamos estar neste lugar, dançar este momento presente, e dar atenção ao que passa despercebido. Ao mesmo tempo, buscamos vivenciar um dissolver de fronteiras, no sentido de sair do plano individual e perceber um pertencimento ao todo. Quando Cage afirma que “nenhum som teme o silêncio que o extingue e não há silêncio que não esteja grávido de som”; não se trata simplesmente de uma inter-relação entre som e Silêncio, mas, poder de eclosão, posto que são face e interface desse mesmo tecido. O Silêncio está além, é a idéia de que co-pertencemos a um todo, e nos contaminamos desse todo por sermos parte de sua existência, sua totalidade.

Em 2009, tivemos a primeira apresentação de Mouna no Teatro do Movimento, na Escola de Dança da UFBA. Lá usamos a obra 4’33 de John Cage (em formato de projeção), interpretada por David Tudor. Na “poética da escuta" de Cage, o ato de escutar constitui também um ato criativo. O ouvinte compõe de acordo com as condições dadas pelo ambiente e pelo compositor. A música consiste, justamente, em escutar as sonoridades e as qualidades particulares dos sons do espaço envolvente. Em Mouna dançamos esses Silêncios, mantendo uma relação com toda a atmosfera que se fazia presente, experimentando o que Cage denominaria por“multiplicidade de centros em estado de não obstrução e de interpenetração”.

Optamos por explorar o Silêncio do movimento, no seu esvaziar, criando um vácuo de tempo no interior do próprio movimento. Desprendendo o ritmo dos movimentos entre nossos corpos, e à medida que nos libertávamos desses ritmos, a velocidade aumentava ou diminuía desarticuladamente. Os gestos corporais decompunham-se, desembocando numa espécie de flutuação. Essa tentativa implicava em explorar o “acaso”, aplicada também em outros âmbitos. Utilizamo-nos do mesmo procedimento para compor a iluminação, a espacialidade, e as movimentações. Construímos através de nossos entendimentos partituras de movimentos individuais, que aconteceram no mesmo espaço-tempo, estabelecendo relações que se davam em tempo real. Ocupamo-nos em manter uma relação com o todo, como uma atitude, uma postura de ação que engloba (além de nós) a platéia, a projeção, tudo que compõe a cena.

                                       FOTO: NIKHIL
Com a entrada de uma nova integrante - Gláucia Rebouças - ao trabalho, e a vontade de continuar a pesquisa, fomos descobrindo novos caminhos e ampliando o conhecimento a respeito do tema. Isso abriu janelas para processos criativos e idéias de cena. Laboratórios corporais e discussões nos possibilitam trocas de informações e novas compreensões. As reflexões individuais a respeito do tema permeiam o nosso cotidiano, sendo os encontros, espaço de compartilhar as descobertas, inquietações e de experimentar o que consideramos “relevante”. Os laboratórios vêm nos permitindo trazer idéias para a dança, transformá-las, transcendê-las, e sempre gerar outras. Utilizamos múltiplos impulsos e recursos como: palavra (escrita ou oral), sons, músicas, espacialidades diferentes, muitas vezes filmamos estes laboratórios, e as filmagens tornam-se materiais de estudo.
Dos nossos experimentos organizamos “Fragmentos de Mouna”, instalação apresentada no IV Festival Viva Dança. Essa surgiu de nossas investigações, e da idéia de fazer uso do texto da música O Silêncio, de Arnaldo Antunes. Um experimento dentro das pesquisas de Mouna que acabou transformando-se em obra, trazendo novas propostas e idéias para cena.
Seguimos com o processo de Mouna, re-configurando a obra a partir dessas novas investigações e insistindo na exploração desse universo de possibilidades que o Silêncio traz para a dança, infinitos Silêncios que se cruzam e entrecruzam.

sábado, 11 de setembro de 2010

Ler a janela como espaço construído que produz sentidos é também afirmar o seu caráter de signo que comunica um modo de pensar e conhecer. Na sua qualidade de signo do espaço arquitetônico, o modo de construir a janela comunica o sentido que o conceito de montagem adquire como um procedimento construtivo no espaço, tendo em vista a conexão/interface que estabelece os demais signos, espaços. Visualidade e visibilidade são duas faces do signo janela cujo caráter de representação é dar corpo a própria conexão, produzindo um continuum entre os espaços construtivos e cognitivos.
Entrada, acesso, caminho.
Janus: O Deus dos começos.

Ellaine Caramela